terça-feira, 31 de março de 2009

Diz...


Figuração latente
algo ríspido
algum rapto
inconstancia
inconsistêcia

difícil de ver...

Descompasso
cerra os dentes
tanta quimica e sais
comprimidos e ventres
afrouxando cintos
caminhando
espaços...

ainda sem ter

segunda-feira, 30 de março de 2009

Estranhos


Estranhos no ninho
entranhas e ossos despedaçados
não ouço as vozes que abrigam os ecos
enquanto todos perplexos se espantam...

O Quem é Isso na calçada

domingo, 29 de março de 2009

...

Vivo em um mundo

Vivo em um mundo de cordas
um pierrot distraído
por caminhos desastrados
entre segredos cravados
em terra de tanta vida

Vidro em um mundo de pedras
cercado de tanto asfalto
que esfola a flor de lá...
pele ceifada de abrigo
brotando germes de assalto

Ávida vida crespada
ventres vielas e postes
entre gravatas e fivelas
favelas crescem em morros
escadas torres e fortes

sábado, 28 de março de 2009

Enquanto o tempo se queima



Enquanto o tempo se queima
Porque o ponteiro não gira
Estou na ponta da roda
Sabendo que estou na mira
Mas isso não incomoda
Pois estou em paz extrema
Estou na ponta da roda
Enquanto o tempo se queima

quinta-feira, 26 de março de 2009

Como tudo isso



Poeira por toda parte
Tece traços no artífice couro
Que enruga o dorso arranha os olhos
Crianças descendentes de todas as fases
Esfalecem em castelos
Bancos e marquises sãs
Seus covis e altares
De areia por toda parte

Poeira tudo isso...
Por todos os parques
Piquetes e retratos pintados
reverberam as faces cortadas
Tornando-se atentas aos ventos ágeis
Sopro ar de vício...

Poeira por toda arte.

Só se enxergam riscos de um ponto...
Vento passado de um tempo relapso
Contratempos que separam
Não param no cosmos
E cresce ao contrário

Como tudo isso.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Resistência

Gecos



Gosto da lua na sua forma mais crua
beleza do sol
refletido manto
enquanto entre rochas
gecos ainda procuram
sem ver tanto em cantos
terra que tanto queima quanto cura

terça-feira, 24 de março de 2009

Muros



Murros no escuro
Tiros em pontas de faca
Pelos sóbrios sabores soprados
Despejando soturnos ares de mágoa


Queria ouvir a voz não dita aos fortes cubos
Ditar os quadros bem quistos do mundo
Atar os nós da maldita cidade
Escorrendo pelas escadas
Grafar Lápides de menos vidro
Por aços cerrados de tanta vaidade
Enquanto a humanidade sucumbe...
Muros que pedrem horas que confundem

Tumbas de ódio e filhos de lágrimas

domingo, 22 de março de 2009

Tudo é verde



Tudo é verde
Mas só tenho sede e não tempo...
Vou correndo!
Ouvindo o barulho das uvas
Sentindo o cheiro da terra...
Revela!
Trago o pensamento no gosto
No gozo das vigens...
Dançando!
Seus corpos tão quentes e puros
Cobertos de cera...
Alucinam!
Maria fumaça dos trilhos Joana
insiste nos sons que agitam
Ouvido aberto...
Alucinam...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Relógio


Tempo

Tempo que somente tempo levo
tempo disparo
tempo tropeço
tempo confuso
tempo disperso
tempo fechado
tempo coberto
tempo tão esparso
tento entre tantos universos
entretanto quando paro
tanto tempo adverso
versos conversam
descompasso
tempo difícil
tempo aberto

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dias...


Dia do artesão

Criam-se dias de todos os dias
dias que postam dias que seguirão
dias inteiros até o meio dia
todos os dias de loucura
na crueza dura
dias de seca
dias de chão
Comemoram-se todos os motivos
dias de festa e de multidão
dias facheiros marcam a luz
raios de água ardente pesa
um banco de graça
e tudo passa
bem ali sentado com o tempo
contempla em seu templo na praça
sem apreçar a os dias... são dias sãos

Palhaço



O sorriso do palhaço triste desce
Borrões de matar a face tecem o couro
Botões e fios arrancados tergiversam
Ávida alma em espírito de outras eras
Olhar baixo sem pressa resta em prece
Onde o peito se encontra em conforto solo
Quadrados e riscos tão monótonos... feridas
Nariz cor de rosa ou delírios certos
Suspensos por suspiros atingem
A face faz-se livre ao tempo...tolo

quarta-feira, 18 de março de 2009

Cálculo


Perto ao peito pulsa o tenso
pobre perpétuo calo
Daí posso fazer
o cálculo
do ângulo

entre aquilo que penso e o que falo...

terça-feira, 17 de março de 2009

Espelho


Quando te olho quase reflexo rosto
Um amargo e sagaz sutil espasmo
Desgosto e cismo em culpa que não vejo
Segredo sem pejo... doces memórias

Quando te olho e logo me perco...
Desfaço-me da trilha em mim consome

Narciso

No plano volátil lápis e livro
Imagem sem fim nem começo traço

Fecho o olho e não sinto a pálpebra
Arrocho o cinto da calça apertada
Nas pedras que induzem a minha calma
Lidar com a realidade lida na fábula

E quando te olho e quase me perco
Saio da rotina tropeço e caio
Atraso horas vermes que fazem cera
Cansaço!
Quando reflito escultura dormente

E saio

domingo, 15 de março de 2009